O Sistema Nervoso (SN) é o órgão responsável por transmitir sinais entre as diferentes partes do organismo e coordenar suas ações voluntárias e involuntárias.O SN é dividido em duas partes que são o Sistema Nervoso Central (SNC) e o Sistema Nervoso Periférico (SNP). O SNC é constituído pela medula espinhal e pelo encéfalo (cérebro), ele é responsável pela recepção de estímulos, comandos e desencadeadora de respostas. O SNP compreende os nervos craniados e espinhais; os gânglios e as terminações nervosas, esta porção periférica são vias responsáveis por conduzirem os estímulos ao SNC.
As patologias que envolvem diretamente o SNC são:
-Acidente Vascular Cerebral (AVC);
-Traumatismo Cranioencefálico (TCE);
-Tumores no SNC;
-Paralisia Cerebral (PC);
-Esclerose Múltipla;
-Entre outras…
Lesões neurológicas frequentemente têm como consequências graves sequelas motoras, dentre as quais destacam-se a paralisia total ou parcial dos membros superiores e/ou inferiores, em especial discutiremos o comprometimento nos membros inferiores que consequentemente promovem alterações na capacidade de caminhar.
Uma das características mais frequentes encontradas nesses pacientes são a paresia (paralisia parcial) dos músculos do tornozelo, dentre eles os responsáveis pela dorsiflexão (“levantar” a ponta do pé) e geralmente associada a espasticidade dos flexores plantares, acometendo diretamente a biomecânica do tornozelo e do membro inferior no geral, este padrão é conhecido como pé caído (Foot Drop).
As consequências do pé caído (Foot Drop):
O desarranjo muscular entre os músculos dorsiflexores e flexores plantares promovem alterações na biomecânica do membro inferior como citado anteriormente, estas alterações aumentam a insegurança ao andar e o gasto energético, além de limitações na mobilidade diária e corroboram com um risco maior de quedas. Sendo assim, os recursos para a estabilização e tratamento do pé caído é a utilização de órtese no tornozelo para mantê-lo estável na posição neutra evitando a queda do pé, facilitando a passada e promovendo maior segurança e estabilidade no momento da marcha.
Existem várias subclassificações dos AFOs (Ankle Foot Orthosis) que são de acordo com sua funcionalidade. As indicações vão de encontro com as condições clínicas do paciente que irá utilizá-la. No entanto, ouso de órteses limita a mobilidade normal da articulação e reduz a capacidade de ajustes do pé e do tornozelo a diferentes superfícies.
Com o objetivo de promover maior liberdade e na tentativa de restabelecer a marcha fisiológica, minimizando as alterações da biomecânica e buscando a mobilidade do tornozelo, foi desenvolvida nos Estados Unidos a neuroprótese WalkAide®.
WalkAide System
O WalkAide® é um dispositivo de estimulação elétrica funcional (FES – Functional Electrical Stimulation) operado por baterias (pilha AA). Ele atua estimulando a musculatura dorsiflexora (responsável por “levantar a ponta do pé”) e eversora do tornozelo.
É indicado para auxiliar no tratamento do “Pé Caído” (Foot Drop) em pacientes com comprometimento neuromotor decorrente lesão no Sistema Nervoso Central como:
-Acidente Vascular Cerebral (AVC);
-Traumatismo Cranioencefálico (TCE);
-Tumores no SNC;
-Paralisia Cerebral (PC);
-Esclerose Múltipla;
-Lesão Medular Incompleta;
Como funciona?
O WalkAide® é um eletroestimulador de canal único operados por baterias, o kit é constituído por um manguito, dois eletrodos e o cabo que conecta os eletrodos no eletroestimulador (foto abaixo). Existe como acessório a capa de silicone que protege o equipamento de pequenos impactos, abrasão e respingos de água.
Ele funciona emitindo estímulos elétricos através dos eletrodos que ficam posicionados ântero-lateral logo abaixo do joelho, mais precisamente sobre o nervo fibular comum e músculo tibial anterior. Os estímulos são disparados durante a fase de balanço da marcha, que seria o momento que ocorre o desprendimento do pé do chão, realizando assim a dorsiflexão evitando que o pé fique caído durante a passada.
As avaliações dos candidatos para utilização deste equipamento devem ser realizadas por profissionais da área da saúde devidamente treinados, assim como o devido posicionamento dos eletrodos, manguito do equipamento na perna e programação de forma personalizada dos parâmetros do equipamento através do software específico.
Como o equipamento sabe o momento correto de contrair a musculatura?
O WalkAide® possui dois sensores de captação:
– Inclinômetro ou sensor de “Tilt”: mensura mudanças angulares na VERTICAL identificando assim o ângulo de inclinação da tíbia durante as fases da marcha;
– Acelerômetro: mensura as mudanças de VELOCIDADE do movimento, sendo assim, quando o paciente aumenta ou diminui a velocidade da marcha, este sensor irá acompanhar estas mudanças e continuará disparando os estímulos no momento adequado.
Diferente de outros eletroestimuladores utilizados para marcha, este não necessita obrigatoriamente do sensor do calcanhar para seu funcionamento, o que permite que o paciente caminhe com qualquer tipo de calçado até mesmo descalço.